sexta-feira, 31 de julho de 2009

A gripe e o pânico

A gente sempre julga as pessoas, independente de como agiríamos na mesma situação. Nesse caso da tal gripe suína foi assim. Nunca me conformei com o pânico gerado pela sociedade. Onde já se viu? Calma gente, é uma gripe, é só tomar remédio. Quem morre é porque está num grupo de risco.
Isso, até acontecer com você.
Comecei a me sentir estranha. Dores musculares, dor de cabeça, falta de apetite e dor de garganta. Corri na Internet para ver os sintomas e sim, me encaixava em mais de dois deles. Nada a fazer a não ser ir no hospital.
E foi aí que o pânico começou a tomar conta. Sozinha, porque não quis que ninguém fosse comigo, para o caso de se eu tiver, ninguém pegar, comecei a pensar. E se for mesmo? E se eu tiver muito pior do que penso? E se eu ficar internada? A coisa começa a tomar uma dimensão absurda...
No hospital não pensem que melhora. Logo na recepção, você dá de cara com milhares de pessoas de máscara, com cara de que vão morrer no minuto seguinte. A recepcionista faz sua fica, pergunta os sintomas e te da uma máscara também. As pessoas se olham demoradamente. Qualquer um pode ser uma potencial ameaça. Quase uma hora de espera.
O médico finalmente me chama. Examina, pergunta, ouve o pulmão e dá o veredito: Calma, não é a gripe, é só uma infecção de garganta muito forte. Toma essa injeção e esse anitibiótico por sete dias.
Ufa! A sensação é realmente de alívio.
Saio da recepção e logo tiro a máscara. Ligo pras pessoas pra tranqüilizá-las e vou pra casa me cuidar. Agora, com o entendimento de que o tal pânico existe sim, tem fundamento e é compreensível.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Reencontro, mas poderia chamar "O começo"

Também do antigo Papel Eletrônico, publicado em 28/6/2006

E mesmo depois de um tempo sem se verem, quando os olhos se encontram todas as sensações voltam.
É um olhar que atravessa a alma, que traz lembranças, cheio de dúvidas e desejos.
O silêncio, os olhares...O frio e as ruas desertas parecem contribuir para esse clima de quase nostalgia.
Chegou. O carro pára. Os olhos se cruzam e param. Tentam desvendar pensamentos, tentam esquecer as dúvidas e ao mesmo tempo, a confusão os domina. De repente o desejo vence. As bocas se aproximam e parece que o tempo parou, que só há os dois no mundo e aquele momento é só deles. Não há mais dúvidas e nem outras pessoas. Há somente aquele beijo, que faz o coração pulsar forte e a alma querer sair do peito.
O telefone toca. Ela precisa ir. Um estalo, despertam, tudo volta à tona. Se olham com cumplicidade e se despedem. Sabem que não estão fazendo o correto, sabem que as conseqüências podem ser graves. Mas também sabem que é difícil resistirem. O que vai acontecer? Isso não, isso eles não sabem...E talvez nem queiram saber...
Aos poucos vou postar aqui, além de textos novos, alguns antigos do Papel Eletrônico original.
Minha short list, digamos assim.
Este foi escrito em 20/4/06. Bons tempos....

Sentadas num bar, com uma taça de vinho nas mãos as amigas falam do futuro. Estão confusas, inseguras, indecisas. Não sabem ao certo o que querem, mas têm certeza do que não querem. Ir embora, alçar vôos longos em outros lugares, outras pátrias, outros idiomas, um mundo totalmente diferente do seu.
Outra taça de vinho, agora começam a falar sobre os pontos negativos. Saudade, solidão, como se virar sozinha? Mas ao final de cada frase, é sempre a mesma coisa. “É difícil, mas vale a pena, temos que pensar no futuro...”. Uma delas é mais radical, diz que não quer que seus filhos sejam criados num lugar onde nada é levado a sério. Ela, idealista, sempre acreditou que com política se resolve os problemas do mundo...Mas não aqui, não na terra dela, onde tanto sonhou, onde tanta esperança teve e aos poucos foi perdendo, se decepcionando... Ela acende um cigarro, e envolta na nuvem de fumaça que se forma, diz que vai e não pensa em voltar. Nas férias, talvez...
Mais uma taça de vinho, as bochechas começam a ficar rosadas. A outra é mais romântica, acredita que encontrou o grande amor, que por mais que ela vá, ele a ficará esperando ou quem sabe vá ao seu encontro depois. Os olhos se enchem de lágrimas ao pensar na despedida, na saudade, nos momentos em que não estarão juntos. Mas mesmo assim, ao encerrar as frases continua pensando que é doloroso, mas é melhor assim, vale a pena apesar de tudo.
De repente o telefone as desperta, chega de divagar, voltemos à realidade. Vinho demais, cigarro demais, melhor dormir. Mas em seus corações elas sabem que a conversa foi verdadeira e que irão lutar, de fato, para irem embora, fazer seu destino em outro lugar. Elas sabem que não têm raízes. A sorte está lançada. O futuro as espera, cheias de planos, idéias, sonhos. As garotas cresceram, agora tomam decisões. E isso tanto as fascina quanto assusta. O olhar cúmplice deixa no ar o que não precisa ser dito. Sim, elas estarão ali, uma pra outra, sempre.

sábado, 25 de julho de 2009

Rotina

Já passa das dez da noite.
Os dois andam em silêncio, de mãos dadas.
Olhares cansados depois de um dia exaustivo de trabalho.
Ele, analista de informática, ela, vendedora de loja de shopping.
Ele a espera todos os dias na estação de trem para irem embora juntos. Sai do trabalho mais tarde só para poder encontrá-la.
O trem chega, eles mal se falam. Um ou outro comentário sobre a rotina.
As mãos não se desgrudam. Ela encosta a cabeça levemente em seu ombro. Fecha os olhos devagar.
Ele acaricia seus dedos, os pensamentos longe dali.
O trem chega na estação final. Se despedem com um beijo meio sem graça no final da escada rolante. "Até amanhã", diz ela. Ele sorri, a abraça e sussurra que a ama. Ela sorri de volta, sussura um "eu também", dá as costas e segue seu caminho.
Por que tudo não pode ser simples assim? Por que as pessoas querem sempre mais?
Mas será que só isso basta? Será que todo o amor, toda a dedicação se contentam com uma rotina e um amor morno? Tenho minhas dúvidas... Ou melhor, tenho minhas certezas...

Nova cara, novo endereço, mesma essência

Uma amiga disse que o antigo blog estava desatualizado, feito até... que eu merecia coisa melhor...
Vamos lá então, criei este aqui, acho que ficou bem bom, bem eu...
Como disse no título, o endereço e a cara são novos, mas os textos terão a mesma essência, o mesmo sentimento despejado no papel.
Espero que gostem!