segunda-feira, 27 de julho de 2009

Aos poucos vou postar aqui, além de textos novos, alguns antigos do Papel Eletrônico original.
Minha short list, digamos assim.
Este foi escrito em 20/4/06. Bons tempos....

Sentadas num bar, com uma taça de vinho nas mãos as amigas falam do futuro. Estão confusas, inseguras, indecisas. Não sabem ao certo o que querem, mas têm certeza do que não querem. Ir embora, alçar vôos longos em outros lugares, outras pátrias, outros idiomas, um mundo totalmente diferente do seu.
Outra taça de vinho, agora começam a falar sobre os pontos negativos. Saudade, solidão, como se virar sozinha? Mas ao final de cada frase, é sempre a mesma coisa. “É difícil, mas vale a pena, temos que pensar no futuro...”. Uma delas é mais radical, diz que não quer que seus filhos sejam criados num lugar onde nada é levado a sério. Ela, idealista, sempre acreditou que com política se resolve os problemas do mundo...Mas não aqui, não na terra dela, onde tanto sonhou, onde tanta esperança teve e aos poucos foi perdendo, se decepcionando... Ela acende um cigarro, e envolta na nuvem de fumaça que se forma, diz que vai e não pensa em voltar. Nas férias, talvez...
Mais uma taça de vinho, as bochechas começam a ficar rosadas. A outra é mais romântica, acredita que encontrou o grande amor, que por mais que ela vá, ele a ficará esperando ou quem sabe vá ao seu encontro depois. Os olhos se enchem de lágrimas ao pensar na despedida, na saudade, nos momentos em que não estarão juntos. Mas mesmo assim, ao encerrar as frases continua pensando que é doloroso, mas é melhor assim, vale a pena apesar de tudo.
De repente o telefone as desperta, chega de divagar, voltemos à realidade. Vinho demais, cigarro demais, melhor dormir. Mas em seus corações elas sabem que a conversa foi verdadeira e que irão lutar, de fato, para irem embora, fazer seu destino em outro lugar. Elas sabem que não têm raízes. A sorte está lançada. O futuro as espera, cheias de planos, idéias, sonhos. As garotas cresceram, agora tomam decisões. E isso tanto as fascina quanto assusta. O olhar cúmplice deixa no ar o que não precisa ser dito. Sim, elas estarão ali, uma pra outra, sempre.

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